19/04/2023

Sera que eu gosto de coisas boas?

Esses dias viralizou um vídeo de estudantes de audiovisual, entre eles amigos meus, falando seus filmes favoritos. Não foram poucas as reações de raiva e de nojo quanto a esse vídeo e as pessoas nele, algumas piadas sobre matar ou machucar aconteceram, nada que desse margem pra qualquer risco físico real mas o suficiente para incomodar quem quer que fosse o ameaçado (como se é de costume das "brincadeira" da internet). É uma piada frequente em redes sociais como os amantes do cinema, por hobby ou profissão, são chatos, e é um pouco verdade sim, boa parte deles são um porre, fazer o que, mas a grande massa desse meme não vem de realmente pessoas que conversaram com cinéfilos e descobriram algo horrível sobre a classe no geral, mas sim de pessoas que acreditam que todo mundo que gosta dos chamados filmes cult estão fingindo gostar para poderem se demonstrar melhores que o resto do mundo, diferentes da plebe que gosta de tosqueiras hollywoodianas os estudantes de cinema querem parecer grandes gênios que fazem de conta que sentem prazer vendo longos filmes em preto e branco, vi muitas pessoas falando que o seu filme preferido deveria ser algum que você tem uma conexão emocional, não alguma besteira pretensiosa vinda desses estrangeiros do terceiro mundo. 

Esse é um ótimo argumento se você analisa ele emocionalmente, eu não tenho carinho de nenhum filme que esses esquisitos dizem gostar, então certamente estão fingindo, se fosse realmente bom ele seria popular, certo? Mas se você analisa ele se tirando do buraco do seu mundinho você percebe que não faz sentido, afinal de contas 

 Por que eu não posso ter uma conexão emocional com um filme """cult"""?

Isso me fez pensar sobre como eu gosto tanto e tão intensamente de tantas coisas que eu sei que são consideradas boas e tantas outras que são consideradas terríveis e de mal gosto.

Já me chamaram de chique porque me perguntaram minha fruta preferida e eu respondi lichia, afinal de contas é uma fruta cara, mas também é o pé de fruta que tinha no quintal dos meus pais, é a fruta que cresce na arvore que eu subia e brincava quando criança, que eu tirava dos galhos e comia pendurado no tronco. Ao mesmo tempo existe um horror oposto quando falo que um dos meus restaurantes preferidos foi o que quase me matou, com uma infecção alimentar causada por uma ostra barata no bairro da Liberdade em São Paulo, mas comi lá com amigos e família, não consigo esquecer esses momentos só porque uma vez a comida do lugar derreteu meus órgãos internos.

No final das contas não acho que me cabe a julgar o que é preferido do outro, tudo que é meu preferido na verdade são só minhas memórias preferidas, a pizzaria que eu ia depois de jogar RPG com meus amigos, a torta que meu pai faz todo aniversario da minha mãe e a que ela faz para ele no dele, o jogo que eu gastei horas enquanto prestava atenção em como foi o dia dos meus companheiros. Mesmo quando era ruim era bom, como são deliciosas as boas memórias


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